Padrão de vida: descubra se você vive de acordo com sua renda

Por Redação Onze

saúde financeira familiar

O padrão de vida define quais são nossas prioridades e como gerenciamos nosso dinheiro de acordo com as necessidades. Apesar da relação óbvia entre o nível de consumo e a renda disponível, muitos de nós vivem fora da própria capacidade e ignoram seus limites de orçamento, prejudicando sua saúde financeira.

Esse anseio pelo consumo é a possível causa endividamento, insegurança financeira e uma relação conturbada com o dinheiro. Mesmo assim, um em cada quatro brasileiros vive acima do padrão que sua renda permite (SPC Brasil). Para saber se você faz parte dessa estatística, acompanhe os tópicos:

  • O que significa padrão de vida?
  • O equilíbrio entre padrão de vida e renda
  • 7 sinais de que você gasta mais do que a renda permite
  • 5 dicas para ter um padrão de vida coerente com os ganhos.

Com um padrão de vida ideal, será muito mais fácil manter a saúde financeira.

Afinal, o que significa padrão de vida?

Padrão de vida é o nível de bem-estar e acesso a bens e serviços de uma pessoa ou grupo social, baseado em seu poder de compra e renda. Em seu grau mínimo, significa viver com dignidade, conforto e lazer, mas não há limites para o padrão ideal de cada indivíduo e família.

Para alguns, basta um padrão de vida simples, com uma moradia modesta, serviços básicos e o poucas despesas. Para outros, o padrão é muito mais elevado, incluindo bens luxuosos, serviços de primeira e contas mensais de vários dígitos.

Além disso, a medida do padrão de vida depende do contexto socioeconômico, do custo de vida, de questões culturais e vários outros critérios. Mas, no geral, podemos dividir os diferentes níveis dessa forma:

  • Padrão de vida baixo: é o padrão mínimo para viver de forma digna e com as necessidades básicas atendidas, tendo uma moradia de baixo custo, saneamento, acesso à educação e saúde públicas, eletrodomésticos, alimentação equilibrada e opções de lazer (geralmente, gratuitas)
  • Padrão de vida médio: é o padrão das classes médias, que inclui carro e casa própria, internet e TV a cabo, acesso a escolas, cursos e universidades, plano de saúde, roupas e eletrodomésticos de qualidade, condições de pagar por serviços e também ir ao cinema, teatro, shopping, além de viajar periodicamente (e se possível ter reserva financeira e investimentos)
  • Padrão de vida alto: é o padrão mais luxuoso e dispendioso, que inclui todos os bens e serviços da classe média em uma categoria superior, com direito a casas de alto padrão, carros de luxo, roupas de grife e serviços exclusivos. As viagens internacionais são frequentes e os gastos compatíveis com uma renda bem acima da média.

Padrão de vida x qualidade de vida

Enquanto a qualidade de vida abrange todas as necessidades humanas, incluindo saúde, educação, moradia, bem-estar e segurança, o padrão de vida diz respeito apenas ao componente material da vida — ou seja, a qualidade e quantidade de bens e serviços adquiridos. Por isso, é possível ter uma vida satisfatória gastando pouco, assim como é possível viver insatisfeito mesmo com gastos altíssimos.

É importante ter essa diferença em mente para entender porque tantas pessoas gastam mais do que seu padrão de vida permite, e ainda assim não conseguem equilibrar seus desejos e necessidades. Isso acontece porque a saúde financeira é muito mais relevante do que um padrão de consumo alto.

Ou seja: é muito melhor ter equilíbrio no orçamento, necessidades atendidas e uma relação saudável com o dinheiro do que trabalhar para sustentar um padrão de vida alto e não conseguir nem guardar dinheiro para imprevistos e planos futuros — e ainda viver estressado com as contas no limite.

Padrão de vida x renda: uma equação complicada

Como vimos, o padrão de vida está diretamente relacionado à capacidade financeira e aos hábitos de consumo. Logo, em tese, as pessoas deveriam guiar seu padrão de vida ideal pela renda disponível, certo?

Mas não é o que acontece na prática: de acordo com o estudo “Perfil das pessoas que vivem além de seu padrão de vida”, publicado pelo SPC Brasil e Meu Bolso Feliz em 2017, um em cada quatro brasileiros vive acima do padrão permitido por sua renda.

Ou seja, 40% da população atende aos seguintes critérios:

  • Vive para pagar as contas, fechando o mês no zero a zero
  • Acumula dívidas acima de sua capacidade financeira
  • Não consegue fechar as contas do mês e fica no vermelho

Além disso, 54% dos consumidores estão insatisfeitos com seu padrão de vida atual, enquanto 92% acham que está mais difícil elevar esse padrão nos próximos anos. Segundo a pesquisa, estes são os itens que indicam um padrão de vida média no Brasil:

  • Bens: casa, carro, eletrodomésticos, roupas, objetos de decoração
  • Comunicação: internet em casa, TV a cabo, plano de celular
  • Saúde: plano de saúde particular e acesso a atividades esportivas
  • Educação: escola particular, cursos e graduações
  • Lazer: ir ao menos uma vez ao mês ao teatro/parque/cinema, duas vezes por mês ao restaurante/bar e viajar uma vez ao ano
  • Alimentação: comprar frutas, carnes, iogurtes, doces e congelados à vontade
  • Finanças: ter uma reserva financeira e investimentos
  • Serviços: contar com faxineira semanal ou empregada mensalista.

O alto custo do padrão de vida incoerente

Os números também combinam com o alto nível de inadimplência em 2020: 66,2% das famílias estão negativadas nos órgãos de proteção ao crédito, conforme dados do SPC Brasil. Outro indicativo do padrão de vida incoerente com a renda é o aumento no uso do crédito: em 2019, o uso do crédito aumentou 11%, com quase metade dos brasileiros (49,4%) recorrendo a cartões de crédito, empréstimos e financiamentos, segundo dados do SPC Brasil.

A conclusão da pesquisa do SPC Brasil é que o custo emocional de adotar um padrão de vida incoerente com a renda é muito alto, gerando ansiedade, insatisfação e sensação de que não se está aproveitando a vida — além do estresse com as dívidas.

A moral da história é que muitos brasileiros vivem acima do que sua renda permite e estão sempre endividados por isso. No fim das contas, a qualidade de vida acaba piorando com o aumento do padrão, pois a pessoa vive no limite, não consegue poupar e pode ir à falência com qualquer imprevisto.

7 sinais de que seu padrão de vida está acima da renda

Será que você está vivendo acima do seu padrão de vida e comprometendo sua saúde financeira? Confira os sinais de que os gastos extrapolaram a renda:

  1. Você não consegue poupar nem investir: se você termina o mês no zero a zero e não sobra um real para poupar e investir, é sinal de que seu padrão de vida já está equivocado, pois a saúde financeira depende de reservas e investimentos
  2. Você recorre ao crédito para despesas básicas: não é normal ficar no vermelho e recorrer ao cheque especial ou cartão de crédito para cobrir suas contas do mês
  3. Você entrou no rotativo do cartão de crédito: chegar ao ponto de pagar o mínimo da fatura é um péssimo sinal, pois os juros do rotativo são os mais altos do mercado
  4. Você deve mais do que tem: se a soma de todos os seus bens resulta em um valor inferior às dívidas, é hora de se preocupar
  5. Você gasta para manter as aparências: gastar e se endividar só para acompanhar o padrão de vida do seu círculo social ou manter as aparências é um problema financeiro — e emocional — grave
  6. Você não saberia lidar com imprevistos: se o seu maior medo é ficar doente ou perder o emprego, é porque seu padrão de vida não permite nem dar conta de imprevistos financeiros.
  7. Você não consegue manter o que compra: não adianta comprar um carro mais potente ou uma casa maior se você não consegue arcar com os gastos da manutenção.

5 dicas para ter um padrão de vida coerente com a renda

Se você quer harmonizar seu padrão de vida com a sua renda, basta fazer alguns cálculos e se comprometer com sua saúde financeira. Veja algumas dicas para estar sempre no controle.

1. Planeje seu orçamento a partir da renda líquida

A primeira dica para manter seu padrão de vida coerente com a renda é planejar o orçamento a partir da renda líquida. Ou seja: considere o valor do salário ou rendimentos depois de descontar todos os impostos, taxas, parcelamentos, encargos e demais dívidas.

2. Crie seu modelo de orçamento

Só você pode definir qual a distribuição ideal da renda para cada item do orçamento, mas existem alguns modelos de referência, tais como:

  • Modelo 60/10/10/20: 60% para gastos essenciais (moradia, alimentação, transporte, saúde, etc.), 10% para objetivos de curto prazo (fundo de emergência, compras importantes), 10% para objetivos de longo prazo (investimentos, previdência privada) e 20% para gastos livres.
  • Modelo 50-15-35: 50% para gastos essenciais, 15% para prioridades financeiras (quitação de dívidas ou investimentos) e 35% para despesas do estilo de vida (lazer, entretenimento, compras).

É claro que você terá suas próprias porcentagens e prioridades. O importante é respeitar o orçamento, reduzir gastos supérfluos e manter as economias rigorosamente.

3. Viva sempre um degrau abaixo do que sua renda permite

Independentemente da sua renda, você precisa viver sempre um degrau abaixo da capacidade financeira. Mesmo bilionários como Warren Buffett e Mark Zuckerberg, do ranking global da Forbes, usam a estratégia de gastar menos do que ganham para acumular patrimônio — e sim, eles abrem mão de alguns luxos mesmo ganhando milhões.

Esse é o segredo para evitar um efeito chamado “inflação do custo de vida”, que leva as pessoas a aumentarem seus gastos toda vez que conseguem um aumento de salário.

4. Use o crédito com consciência

Se você usa o crédito com frequência, é porque ainda confunde padrão de vida com qualidade de vida. Com o uso consciente, você vai pensar duas vezes antes de assumir uma dívida e ter que pagar juros, preferindo adiar a compra do que comprometer sua renda.

As exceções são situações em que é vantajoso aproveitar uma promoção ou antecipar uma compra — nesse caso, calcule o custo efetivo total e encaixe as parcelas no orçamento.

5. Priorize investimentos de longo prazo

Por fim, priorizar os investimentos de longo prazo é uma forma de viver um padrão de vida realista e se preparar para manter o padrão de vida no futuro. Na pesquisa da SPC Brasil, chama atenção o fato de que 93% dos brasileiros querem ter alguma reserva financeira ou investimentos como a previdência privada, mas não conseguem por causa do descontrole financeiro.

Ao contratar um plano de previdência privada, por exemplo, você pode realizar aportes mensais de acordo com o seu orçamento e garantir a construção de um patrimônio. Dessa forma, você assegura sua qualidade de vida no futuro, como a sonhada tranquilidade na aposentadoria, e vive um padrão de vida mais coerente no presente – já que não vai simplesmente gastar todo o salário sem pensar no amanhã.

Eis o ponto-chave para definir seu padrão de vida: pense no quanto você pode gastar para viver bem hoje e ainda pagar pelo seu bem-estar amanhã.