Tesouro Direto: como funciona, quanto rende e por onde começar

Por Redação Onze

Site do Tesouro Direto

Entender como funciona o Tesouro Direto é o primeiro passo na jornada de muitos investidores. Afinal, os títulos públicos são conhecidos como os investimentos mais seguros do país, que podem superar a rentabilidade da poupança e abrir as portas para o mercado financeiro.

Hoje, mais de um milhão de brasileiros já investem nos títulos do governo federal (Tesouro Nacional), com a facilidade de comprar e vender os ativos pela internet.

Apesar da simplicidade e praticidade do Tesouro Direto, é importante entender que a renda fixa também tem seus riscos. Por isso, o investidor precisa traçar a melhor estratégia para conservar e aumentar seu patrimônio no longo prazo.

A seguir, vamos detalhar como funciona o Tesouro Direto, quanto rende e como comprar e acompanhar os títulos, além de mostrar como montar uma carteira de renda fixa com diferentes objetivos e estratégias.

O que é Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa do governo federal que facilita a compra e venda de títulos públicos para pessoas físicas. Com ele, você pode aplicar na dívida pública, que oferece um risco muito baixo, com altíssima liquidez e praticidade.

Títulos do Tesouro Direto

Há três tipos de títulos oferecidos pelo Tesouro Direto. Conheça suas principais características:

Tesouro Selic

O Tesouro Selic é um título pós-fixado que oferece rentabilidade que acompanha a taxa Selic, conhecida como a taxa básica de juros da economia brasileira. Pode ser resgatado a qualquer momento (D+1) sem perda de valor.

Tesouro Prefixado

O Tesouro Prefixado é um título com taxa de juros predefinida no momento da aplicação. Oferece diferentes vencimentos e sofre marcação a mercado, isto é, o preço do título oscila conforme os movimentos dos juros. Assim, para obter a rentabilidade contratada, você deve carregar o papel até o final.

Tesouro IPCA

O Tesouro IPCA é um título híbrido, que paga um percentual fixo acrescido da variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que é considerada a inflação oficial do país. Trata-se de uma boa maneira de investir no longo prazo e garantir um retorno real. Oferece diferentes vencimentos — alguns deles com possibilidade de remuneração semestral (e não apenas no final do título).

Como funciona o Tesouro Direto

Saber como funciona o Tesouro Direto é fundamental para incluir os títulos públicos do governo na sua carteira de investimentos. Eles estão entre as aplicações de renda fixa mais seguras e versáteis do mercado, com opções prefixadas e pós-fixadas, com e sem juros semestrais, com diferentes prazos de vencimento e liquidez garantida.

Desde o lançamento do programa, em 2002, pessoas físicas podem utilizar o sistema do Tesouro Direto para comprar e vender títulos pela internet, de forma prática e acessível. Para isso, basta ter uma conta em um banco ou corretora autorizado.

Por isso, os títulos do Tesouro Direto se tornaram a porta de entrada para o mercado financeiro, graças à sua praticidade e segurança. Em 2019, o programa fechou o ano com 1,2 milhão de participantes (alta de 52,8% em relação a 2018), totalizando 415 mil novos investidores, segundo dados do Tesouro Nacional publicados na InfoMoney.

Como comprar títulos do Tesouro Direto

Para os investidores individuais, há três principais formas de comprar títulos do Tesouro Direto.

Confira o passo a passo em cada canal.

Por meio do Portal do Investidor

Após abrir uma conta em uma corretora de valores habilitada, você receberá uma senha para acessar a área exclusiva do Portal do Investidor do Tesouro Direto, onde é possível comprar e vender títulos, programar aportes e acompanhar seu extrato online. Então, basta acessar com seu CPF e senha e começar a negociar os títulos públicos sem sair de casa.

Por meio do site ou app da corretora

Os bancos e corretoras também oferecem a opção de comprar e vender títulos do Tesouro Direto por meio de seus próprios sites e aplicativos. No site do governo, você pode consultar a lista completa de instituições financeiras habilitadas e verificar quais as taxas cobradas, prazo de repasse de recursos e opções de aplicação programada.

Por meio de fundos de investimento e previdência privada

Outra forma de investir no Tesouro Direto é comprando cotas de fundos de investimentos e previdência privada que alocam recursos em títulos públicos. Dessa maneira, você investe indiretamente, pois o fundo é uma aplicação coletiva gerenciada por um profissional que toma as decisões sobre a carteira.

Quanto custa investir no Tesouro Direto

O valor mínimo para investir no Tesouro Direto atualmente é pouco mais de R$ 35,00 (R$ R$ 35,32 no título mais barato em 26 de junho 2020, o Prefixado 2026). Por essa razão, é um dos investimentos mais acessíveis do mercado, que cabe no bolso de qualquer pessoa.

Para o Tesouro Selic, por exemplo, o valor mínimo é de aproximadamente R$ 105,00 — lembrando que esses valores correspondem a frações dos títulos, que custam a partir de R$ 900,00 quando adquiridos integralmente.

Além dos preços dos títulos em si, também é importante considerar as taxas e impostos a seguir:

  • Taxa de custódia da B3: é uma taxa obrigatória de 0,25% ao ano cobrada pela B3 pelos serviços de guarda dos títulos.
  • Taxa de administração: é a taxa cobrada pela corretora para custear suas atividades, que é isenta para o Tesouro Direto em muitas instituições.
  • IOF: o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é cobrado sobre os rendimentos do Tesouro Direto, mas somente quando a aplicação é resgatada em menos de 30 dias.
  • Imposto de Renda: é cobrado sobre a rentabilidade do Tesouro Direto, seguindo a tabela regressiva – que diminui com o tempo (alíquotas de 22,5% a 15%).

Como funciona a liquidez do Tesouro Direto

Todos os títulos do Tesouro Direto têm alta liquidez, pois o governo garante a recompra pelo valor de mercado a qualquer momento. Ou seja: você pode vender o título na hora que precisar e resgatar o dinheiro, independentemente do prazo de vencimento.

Mas claro que nem sempre é vantajoso vender o título antes do prazo, considerando que eles sofrem marcação a mercado (com exceção do Tesouro Selic) e podem estar cotados a um preço inferior no momento da venda.

Como funcionam os rendimentos do Tesouro Direto

Se você quer saber como funciona o Tesouro Direto em relação à rentabilidade, basta entender os três tipos de remuneração:

  • Títulos prefixados: têm sua rentabilidade conhecida no momento da compra (taxa de juros prefixada).
  • Títulos pós-fixados: têm sua rentabilidade baseada em indicadores como a Taxa Selic (Ex: Tesouro Selic), ou seja, os rendimentos finais acompanham a oscilação do índice.
  • Títulos híbridos: são títulos atrelados à variação da inflação e mais uma taxa de juros prefixada (Ex: IPCA + 3%).

Mais adiante, vamos entender quais tipos de rentabilidade são mais vantajosos em cada situação.

Como é o acompanhamento dos títulos do Tesouro

Além de saber como funciona a compra no Tesouro Direto, é importante entender como acompanhar o desempenho dos seus títulos. Siga as dicas abaixo e fique de olho nos seus investimentos.

Consulte seu extrato

Você pode consultar seu extrato a qualquer momento pelo Portal do Investidor ou no sistema da corretora, para verificar as seguintes informações:

  • Valor investido: é o valor aplicado inicialmente
  • Valor bruto: é o valor investido somado à rentabilidade (sem o desconto de tributação e taxas)
  • Rentabilidade bruta acumulada: rendimentos acumulados até então
  • Valor líquido: é o valor disponível já com as taxas e impostos descontados
  • Quantidade do título: quantidade de títulos adquiridos
  • Preço do título: preço na data da aplicação
  • Rentabilidade contratada: taxa de juros contratada inicialmente
  • Taxas e impostos: valor do IR previsto, IOF, taxa de B3 e taxa da instituição financeira (se houver)
  • Dias corridos: dias corridos da aplicação
  • Data de vencimento: data em que o título vence.

Analise o gráfico de desempenho

Você poderá visualizar um gráfico de desempenho com o preço real (valor vigente do título no mercado) e preço teórico (valor final para resgate no vencimento) do ativo ao longo do tempo. Esses dados são essenciais para entender se a aplicação está rendendo o esperado e qual a perspectiva de rentabilidade para o vencimento, no caso dos pós-fixados.

Considere a marcação a mercado

Em alguns casos, pode ser vantajoso vender o título antes do prazo se houver uma valorização expressiva e o investidor quiser um lucro em curto prazo (ou mesmo quiser reinvestir a diferença em outro título). Isso é possível por conta da marcação a mercado — a variação de preço do Tesouro Prefixado e IPCA de acordo com movimentos do mercado e oscilação dos juros.

Em 2019, por exemplo, o Tesouro IPCA + 2045 rendeu 58,09% (acima dos 31,6% do Ibovespa), de acordo com dados do Banco Central. Isso ocorreu porque os títulos de renda fixa se valorizam quando os juros caem. Por outro lado, uma alta nos juros pode derrubar o preço do Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado — nesse caso, vender antes do vencimento é sinônimo de prejuízo.

Você também pode acompanhar os preços e taxas de referência dos títulos públicos e acompanhar a marcação a mercado na tabela atualizada diariamente pelo Tesouro Direto. Assim, fica clara a diferença entre o preço e compra e venda de cada título.

Como funciona o Tesouro Direto na carteira de investimentos

O próximo passo é entender como funciona o Tesouro Direto na carteira de investimentos, investindo na prática. Siga as dicas abaixo para montar uma  carteira de renda fixa campeã usando títulos públicos.

1. Adote o Tesouro Selic para o curto prazo

O Tesouro Selic é o título mais seguro do Tesouro Direto, pois não sofre marcação a mercado e tem sua rentabilidade atrelada à taxa básica de juros da economia. Logo, você pode resgatar o dinheiro investido a qualquer momento sem risco de prejuízo — o que faz desse título um componente importante de sua reserva de emergência.

Mesmo em período de Selic nas mínimas históricas, alocar uma fatia do seu patrimônio nesse tipo de título pode oferecer a segurança que você precisa para fazer retiradas em curtíssimo prazo, sem perda de valor.

Uma alternativa para a reserva de emergência, nesse cenário de juros baixos, é o investimento em fundos que investem em Tesouro Selic, já que muitos deles contam com taxa zero de administração e oferecem resgates no mesmo dia. Dessa forma, você aumenta sua rentabiidade final, já que evita quaisquer cobranças sobre o patrimônio (inclusive a taxa de custódia).

2. Use o Tesouro Prefixado para objetivos de médio e longo prazo

Se você tem um objetivo de médio ou longo prazo fixo como comprar um carro ou imóvel daqui alguns anos, o Tesouro Prefixado pode ser um investimento interessante para garantir o valor necessário até lá. Isso porque é o único título com rentabilidade totalmente previsível — desde que você só resgate no vencimento.

No entanto, é preciso ter em mente que a Selic pode subir e desvalorizar o título nesse período. Por isso, é melhor alocar uma parte menor do seu capital nesse tipo de ativo.

3. Garanta seu poder de compra com o Tesouro IPCA

O título do Tesouro Direto mais indicado para manter seu poder de compra é o Tesouro IPCA, pois ele garante que sua rentabilidade estará sempre acima da inflação. Por isso, é o título público certo para preservar seu capital e protegê-lo da oscilação do índice de preços.

Além disso, ele pode alcançar uma rentabilidade mais atrativa por meio da combinação do IPCA com uma taxa de juros prefixada no longo prazo. Por outro lado, o risco é o mesmo do prefixado: uma mudança no cenário dos juros básicos da economia pode derrubar o preço do título, inviabilizando a venda antecipada.

Essas características tornam o Tesouro IPCA interessante para investir para o futuro, pensando na aposentadoria, por exemplo. Mas lembre-se de aplicar uma quantia que não pretenda resgatar tão cedo.

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