6 exercícios mentais para hackear o cérebro e conseguir poupar dinheiro

Por Redação Onze

Os exercícios mentais são estratégias fundamentais para conseguir poupar dinheiro —  mesmo quando seu cérebro quer fazer o contrário. Na verdade, o que não faltam são gatilhos mentais para consumir por impulso e priorizar os gastos imediatos em vez dos investimentos de longo prazo. 

Para superar esses obstáculos, você precisa treinar sua mente para reconhecer a importância de guardar dinheiro e planejar o futuro. Assim, você evita fazer parte dos 67% de brasileiros que não conseguem poupar nada de seus salários — e podem ter problemas com isso lá na frente. 

Para fugir dessa estatística, acompanhe o conteúdo:

  • Como os exercícios mentais ajudam a poupar dinheiro
  • Por que o cérebro sabota nossas tentativas de economia
  • 6 exercícios mentais para hackear o cérebro e economizar
  • Como direcionar os exercícios mentais para poupar para o futuro.

Depois da leitura, será mais fácil controlar seus impulsos e cuidar melhor da saúde financeira

Como os exercícios mentais ajudam a poupar dinheiro

Os exercícios mentais são uma forma de superar os gatilhos que levam à má gestão financeira e nos impedem de poupar dinheiro. Muito provavelmente, você tem ou já teve dificuldades em reservar uma parte da renda mensal para investir e planejar seu futuro — e o problema é mais comum do que você imagina.

Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgada em 2019, 67% dos consumidores brasileiros não conseguem guardar nenhuma parte de seus rendimentos mensais. Nas classes C, D e E, 71% não poupam nada, enquanto o índice é de 54% nas classes A e B — ou seja, uma renda mais alta não melhora muito a situação. 

Em 2020, metade dos brasileiros têm como principal meta financeira guardar dinheiro, segundo outra pesquisa da CNDL e do SPC Brasil. O levantamento ainda mostra que 83% não conseguiram cumprir sua meta de economia em 2019. 

Mas, afinal, por que é tão difícil poupar dinheiro e se organizar financeiramente? A explicação pode estar dentro da nossa própria mente, como veremos a seguir.  

Por que o cérebro sabota nossas tentativas de economia

Se você também falhou nas metas de economia, não desanime: seu próprio cérebro pode estar por trás disso. Sem os exercícios mentais adequados, nossa mente tende a sabotar nossas tentativas de economia. Veja alguns gatilhos que atrapalham a vida financeira. 

Ganhar parece mais importante que poupar

Um estudo de neurocientistas da Universidade de Cornell, de 2018, publicado na revista Nature Communications, chegou à conclusão de que o cérebro humano valoriza muito mais o ato de ganhar dinheiro do que o ato de poupar. Ou seja: inconscientemente, nós damos mais atenção às estratégias para aumentar os rendimentos do que às metas de economia.

Nos experimentos conduzidos pela equipe, os participantes foram instruídos a fazer escolhas financeiras com base em oportunidades de ganhos ou investimentos, que foram classificadas em diferentes cores em um painel. No fim, 87,5% priorizaram as oportunidades de ganhar mais dinheiro, mesmo quando os investimentos eram mais atrativos. 

O viés cognitivo dos ganhos foi tão forte que afetou até a percepção do tempo: a maioria dos participantes reconheceu as oportunidades de poupança e investimento como ações futuras, priorizando somente os ganhos para suas demandas imediatas

Investir no “futuro eu” é um conceito complicado

Outra possível explicação para nossa dificuldade em economizar é o fato de que poupar dinheiro significa gastar com seu “futuro eu”, em vez do “eu presente”. Em uma pesquisa publicada em 2009, o psicólogo Hal Ersner-Hershfield provou que, ao pensarmos em nós mesmos no futuro, nós imaginamos um completo estranho

Para ajudar o cérebro a criar essa imagem abstrata do futuro e justificar um investimento de longo prazo, um grupo de pesquisadores das áreas de marketing, gestão e psicologia dos EUA conduziu um estudo inédito, publicado em 2011 na National Library of Medicine: “Melhorando o comportamento econômico por meio de imagens envelhecidas de um futuro eu”, em tradução livre.

Basicamente, os pesquisadores utilizaram programas digitais de modelagem 3D para criar a imagem “envelhecida” dos participantes, e tentaram influenciar suas decisões financeiras a partir dos modelos que retratavam seu futuro. O resultado saiu conforme o esperado: as pessoas que interagiram com seu rosto virtual na terceira idade demonstraram uma preocupação muito maior em poupar dinheiro agora e investir para o futuro — ou seja, o cérebro conseguiu materializar o “futuro eu”. 

Poupar é contra-instintivo

No livro A mente acima do dinheiro (Novo Século, 2018), o psicólogo financeiro Ted Klontz afirma que o hábito de poupar e investir não faz parte da história evolutiva humana. Na verdade, quando ainda vivíamos em bandos, guardar qualquer bem material para si era visto como uma atitude egoísta — e poderia render até uma expulsão da comunidade.

Além disso, não havia muito sentido em guardar, e sim em consumir o mais rápido possível todo o alimento e recursos disponíveis (até porque a expectativa de vida era curta). Por essa razão, poupar é contra-instintivo para a nossa mente, e só os exercícios mentais podem superar essa tendência ao consumo imediato. 

6 exercícios mentais para hackear o cérebro e economizar 

Para superar os gatilhos anteriores, você precisa agir como um hacker e usar os exercícios mentais para burlar os impulsos imediatistas do cérebro. Confira as melhores táticas para guardar dinheiro com sucesso.

1. Poupe dinheiro automaticamente

De acordo com o economista e vencedor do prêmio Nobel Richard Thaler, “a lição mais valiosa da economia comportamental é que as pessoas só conseguem poupar se for um recurso automático”. Ou seja: um dos exercícios mentais mais importantes é colocar suas economias no modo automático, programando o valor que deve ser guardado todo mês diretamente na conta bancária — e não vale voltar atrás.

A recomendação do profissional é que você guarde entre 15% e 25% do salário mensal, de acordo com suas possibilidades.

2. Torne seu futuro mais tangível 

Um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo das imagens envelhecidas, Magnus Herschfield, recomenda que as pessoas utilizem aplicativos que simulam seus rostos daqui a 50 anos para entrar em contato com seu “futuro eu” e tornar seus investimentos mais tangíveis. 

Outra forma de enxergar melhor o futuro e se motivar para guardar dinheiro é acompanhar projeções econômicas e sociais para os próximos anos, especialmente das áreas que mais interessam você (tecnologia, meio ambiente, tendências de comportamento, etc.). Dessa forma, você estará dando uma nova perspectiva ao cérebro, para além dos gastos imediatistas.

3. Economize usando cédulas e moedas 

No livro Advice that Sticks (Practical Inspiration, 2018), a neuropsicóloga e coach Dra. Moira Somers recomenda que as pessoas utilizem dinheiro em espécie em vez de cartões de débito e crédito para compras supérfluas como roupas e entretenimento. Ao manusear as cédulas e moedas, você obriga o cérebro a ponderar a compra e aumenta a consciência sobre aquele consumo.

Dessa forma, é possível economizar entre 20% e 28% no orçamento, de acordo com a especialista. 

4. Evite as influências consumistas

A Dra. Moira Somers também enfatiza a importância de evitar influências consumistas como programas de TV que retratam um estilo de vida opulento ou mesmo passeios despretensiosos ao shopping (o “templo do consumo”). O simples hábito de se distrair com estímulos ao consumo pode levar às compras compulsivas e habituar seu cérebro aos excessos da publicidade e entretenimento

5. Recupere a “fricção” nas suas compras

Comprar online está cada vez mais fácil — e tentador — com os recursos de “compra com um clique”, que dispensam até o preenchimento do número do cartão de crédito. Pode parecer um grande avanço do e-commerce, mas, para os especialistas em comportamento financeiro, é uma armadilha perigosa

Na opinião do professor de economia financeira Colin F. Camerer, é importante recuperar a “fricção” das compras online — ou seja: desabilitar as compras automáticas e tornar o processo mais trabalhoso, para que seu cérebro tenha tempo de repensar o ato. 

6. Faça do progresso sua recompensa

A sugestão de Ted Klontz para treinar o cérebro a economizar é usar um dos exercícios mentais mais clássicos: estimular sua mente com uma recompensa. No caso, você deve acompanhar de perto o progresso dos seus investimentos para se sentir motivado a continuar. 

Certamente, o prazer de ver seu patrimônio crescendo poderá superar os estímulos imediatos das compras por impulso — e cada vez mais seu cérebro entenderá a recompensa da economia. 

Direcione seus exercícios mentais para a aposentadoria

Direcionar seus exercícios mentais para a aposentadoria é um ótimo caminho para construir patrimônio e planejar um futuro mais próspero. Quanto mais consciente você estiver sobre a importância do dinheiro lá na frente, melhor estará preparado para ter uma vida tranquila e alcançar todos os seus objetivos financeiros.

Então, quando for colocar em prática os exercícios mentais aprendidos, lembre-se de escolher um investimento sólido e rentável como a previdência privada — uma das melhores formas de preservar e maximizar seu patrimônio.