Investimento em renda fixa: o que é, como rende e para quem vale a pena

Por Redação Onze

O investimento em renda fixa é o preferido dos brasileiros pela sua segurança e previsibilidade. Nada menos que 85,5% do dinheiro investido no país está nessa categoria que abrange desde títulos públicos até letras de crédito. A informação é do Instituto Planejar.

Muito além da poupança, que mantém sua popularidade apesar do baixo retorno, o mundo da renda fixa oferece inúmeras possibilidades de rendimentos, prazos e liquidez.

A segurança continua sendo sua marca registrada. Mas, com o planejamento e a estratégia adequados, é possível diversificar seus produtos financeiros e alcançar uma rentabilidade atraente.

A seguir, vamos mostrar como funciona o investimento de renda fixa, quais são os principais produtos e para quem eles são indicados.

O que é um investimento em renda fixa

Investimento em renda fixa é um produto financeiro com rentabilidade previsível, ou seja, que permite ao investidor prever ou calcular quanto vai ganhar. No geral, são títulos que devolvem o dinheiro aplicado com acréscimo de juros após determinado período.

Logo, ao investir em renda fixa, você estará “emprestando” dinheiro a alguém para receber o valor de volta com juros acrescidos no futuro. Quem emite esses ativos são empresas, bancos, instituições financeiras e o próprio governo, que usam os títulos para captar recursos.

Eles são chamados de investimentos em “renda fixa” porque a forma de remuneração e prazo são definidos previamente e não mudam até o vencimento ou resgate do ativo. É o caso da famosa poupança, títulos públicos federais e CDBs, que estão entre as aplicações mais populares entre os brasileiros.

Qual a diferença entre renda fixa e renda variável?

Enquanto o investimento em renda fixa tem sua remuneração conhecida desde o início, o ativo de renda variável tem uma rentabilidade imprevisível. O “variável”, no caso, indica a alta volatilidade de ativos como ações e câmbio, que estão em constante sobe e desce de preços no mercado de capitais.

Claro que essas tendências são avaliadas por analistas e dão ao investidor alguma perspectiva sobre o retorno dos ativos de renda variável, mas somente a renda fixa garante a mesma forma de remuneração do início ao fim do investimento. Por isso, a renda fixa é a preferida dos investidores mais conservadores, e deve estar presente em qualquer portfólio para preservar o patrimônio (até dos mais arrojados).

Mas isso não significa que a renda fixa tem retorno garantido, ou que seu valor final não varia, como veremos a seguir.

Rentabilidade dos investimentos em renda fixa

Apesar de o investimento em renda fixa ter seu cálculo de rentabilidade conhecido no momento da aplicação, nem sempre é possível calcular exatamente os rendimentos do ativo. Isso porque existem títulos prefixados, pós-fixados e híbridos.

Títulos prefixados

Os títulos prefixados são ativos que têm sua rentabilidade nominal fixada, ou seja, rendem uma taxa de juros específica e não estão sujeitos a nenhum indicador ou variável. Esses, sim, são os ativos que permitem calcular o valor exato que será recebido no final do investimento.

Por exemplo, se você compra um título de R$ 1 mil com taxa de juros prefixada de 6% ao ano e prazo de 2 anos, pode calcular exatamente quanto vai receber no vencimento — cerca de R$ 1.127,16 considerando juros compostos e sem descontar taxas e impostos.

Títulos pós-fixados

Nos títulos de renda fixa pós-fixados, você conhece apenas o cálculo da rentabilidade, que geralmente está atrelada a um indicador financeiro. O exemplo básico é a Taxa Selic (taxa básica da economia), que serve de referência para vários investimentos de renda fixa.

Então, se você compra um título do Tesouro Selic, por exemplo, o rendimento será o capital investido + a variação da Selic no período da aplicação. Ou seja: seus ganhos vão depender do comportamento da Selic. Existem ativos pós-fixados atrelados à Selic, CDI, IPCA, entre outros indicadores da economia.

Títulos híbridos

Os títulos híbridos combinam a rentabilidade prefixada e pós-fixada para formar sua remuneração. Um dos mais conhecidos é o Tesouro IPCA, que oferece a variação da inflação + uma taxa de juros prefixada — o Tesouro IPCA 2035 paga o IPCA + 4%, por exemplo.

Assim, você sabe que vai ganhar no mínimo 4% sobre o valor investido somado à variação do principal índice de preços do país no período do investimento de renda fixa.

Riscos do investimento em renda fixa

Apesar da previsibilidade do investimento em renda fixa, ele também tem seus riscos e variações. O mais óbvio é o risco de crédito, já que o pagamento dos rendimentos do título depende da instituição emissora — e, se a empresa ou banco vai à falência, o risco de calote é real.

Mas esse risco é facilmente minimizado quando o investidor escolhe emissores confiáveis, como o próprio governo federal ou empresas bem avaliadas (com rating elevado). Além disso, muitos títulos de renda fixa são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), garantindo até R$ 250 mil por CPF ou instituição financeira no caso de não pagamento da aplicação.

Além disso, a renda fixa está sujeita ao risco de mercado, que é o impacto das negociações no valor dos títulos. Por exemplo, se você compra um título prefixado e os juros começam a subir, ele perde valor de mercado.

Da mesma forma, um título indexado à inflação se desvaloriza quanto o índice de preços cai. Por isso, é importante se atentar a esses indicadores e pensar muito bem antes de resgatar títulos de renda fixa antes do prazo.

Por fim, existe o risco de liquidez, que é a dificuldade para converter o título em dinheiro quando é pouco negociado no mercado, como acontece com as debêntures. Esse problema também pode ser evitado com a busca de ativos com maior liquidez, que são facilmente vendidos ou resgatados em poucos dias.

6 principais produtos financeiros de renda fixa

Há vários investimentos de renda fixa disponíveis no mercado financeiro, com diferentes rentabilidades, prazos, riscos e liquidez. Conheça os principais.

1. Poupança

A caderneta de poupança é o investimento de renda fixa mais popular do país, com a preferência de 88% dos brasileiros, segundo pesquisa de 2019 da Anbima. Suas regras são as mais simples possíveis: não há taxas ou impostos, o dinheiro pode ser aplicado e resgatado a qualquer momento e basta ter uma conta bancária.

Em relação à rentabilidade, a poupança paga 0,5% + Taxa de Referência (TR) quando a Selic está acima de 8,5% e 70% da Selic + TR quando a taxa de juros está abaixo de 8,5%.

Em um cenário de mínima histórica da Selic e TR zerada, são rendimentos baixíssimos e, muita vezes, inferiores à inflação — o que torna a poupança o investimento menos atrativo, apesar da popularidade.

2. Fundos de previdência de renda fixa

Os fundos previdenciários de renda fixa são fundos de investimento que alocam a maior parte de seus recursos em títulos públicos ou privados. Esses planos de previdência privada permitem acumular patrimônio e depois receber o dinheiro em forma de resgate ou renda contratada, com a vantagem de benefícios fiscais e gestão profissional da carteira.

Entre os benefícios desses produtos estão a ausência de come-cotas, possibilidade de desconto no IR (para planos PGBL) e transmissão de patrimônio sem inventário.

3. Títulos do Tesouro Direto

O Tesouro Direto é o programa de títulos públicos do governo federal, que oferece várias rentabilidades, prazos e condições de investimento. É possível escolher títulos que pagam a Selic (Tesouro Selic), atrelados à inflação (Tesouro IPCA) e prefixados (Tesouro Prefixado) com liquidez diária e a facilidade do investimento pela internet.

Além disso, estão entre os ativos de renda fixa mais seguros, já que o governo é o próprio credor. Em relação aos custos, é descontado o IR regressivo dos rendimentos, a taxa de custódia da Bolsa de Valores de 0,25% e, às vezes, a taxa de administração da corretora.

4. CDBs

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título privado emitido por bancos que pode ser prefixado ou pós-fixado. Os mais comuns são os pós-fixados indexados ao CDI ou outro benchmark de renda fixa — os famosos 90% do CDI, 100% do CDI e 110% do CDI.

A grande vantagem desses títulos é a cobertura pelo FGC e opções com alta liquidez. Por outro lado, há incidência de IR sobre esses títulos seguindo a tabela regressiva, que tem alíquotas de vão de 22,5% (até 6 meses da aplicação) a 15% (após 2 anos da aplicação).

5. Debêntures

As debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas utilizadas para captar recursos para financiar projetos. Seu vencimento costuma ser mais longo que o de outros produtos de renda fixa – e a rentabilidade pode ser prefixada, pós-fixada ou híbrida.

Esses ativos não são cobertos pelo FGC e são tributados pelo IR (com exceção das debêntures incentivadas que financiam obras de infraestrutura). Além disso, as debêntures são títulos que podem ter baixa liquidez – ou seja, são difíceis de resgatar antes do vencimento.

6. LCI e LCA

LCI e LCA são siglas para Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, respectivamente. São títulos de crédito privado que financiam esses dois setores da economia, contam com cobertura do FGC e não sofrem incidência de Imposto de Renda.

Por conta dessa isenção, a rentabilidade pode valer a pena quando comparada a outros títulos de renda fixa. Mas é preciso ter atenção à liquidez, pois os prazos são mais longos, com carência mínima é de 90 dias.

3 situações em que vale a pena investir em renda fixa

Ao buscar segurança

A segurança é o forte da renda fixa, apesar dos riscos já detalhados anteriormente. Por isso, os investidores de perfil conservador a moderado alocam boa parte de seus recursos nesses títulos, como forma de preservar o capital. Lembrando que proteger parte do capital com investimentos de baixo risco é uma indicação para qualquer perfil de investidor.

No entanto, o baixo risco também significa rentabilidade inferior, principalmente em tempos de queda de juros — daí a necessidade de diversificar a carteira e incluir também ativos de renda variável.

Ao formar uma reserva de emergência

Antes de começar a investir, é fundamental formar uma reserva de emergência com dinheiro suficiente para cobrir de 6 a 12 meses de gastos fixos em caso de imprevistos. Como esse dinheiro precisa estar sempre disponível, a renda fixa de alta liquidez é ideal para manter a reserva e ainda ter rendimentos — de preferência, em títulos públicos ou CDBs, que rendem acima da poupança.

Ao investir para o longo prazo

O investimento em renda fixa tem seu melhor desempenho de rentabilidade no longo prazo, graças ao efeito dos juros compostos e menor incidência de Imposto de Renda (para os títulos que seguem a tabela regressiva). Por isso, se você pretende construir patrimônio para a aposentadoria ou independência financeira, a renda fixa permite aliar rendimentos com segurança conforme seus objetivos.

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