Deflação: descubra o que é e por que ela pode ser ruim para a economia

Por Redação Onze

De forma simples, a deflação nada mais é do que a queda dos preços finais de produtos e serviços para o consumidor. Apesar de essa definição te levar a pensar que este pode ser um bom sinal para a economia, a realidade não é bem assim.

Isso porque, o poder de consumo da população diminui com o tempo e, em consequência, as empresas também precisam baixar os seus preços para se manterem no mercado. Confira o artigo a seguir e entenda o que é deflação e porque ela pode não ser um bom sinal para a economia.

O que é deflação?

A deflação nada mais é do que o inverso de inflação. Isso quer dizer que, quando há deflação, o preço final ao consumidor está em queda. É a mesma coisa que dizer que a inflação está com um valor negativo. Ela pode acontecer quando há uma grande oferta de um item, seja ele produto ou serviço.

Mas o que isso significa no cotidiano das pessoas? Com os preços de bens e serviços mais baixos, uma pessoa pode comprar mais e pagar menos. Isso parece bom, não é mesmo? No entanto, a deflação prolongada pode ser um sinal de problemas na economia.

Segundo o economista Claudio Considera, a deflação pode ser avaliada a partir da queda dos preços de forma generalizada por pelo menos 1 ano. Para ele, caso somente um ou outro item sofra queda, e esse período seja de poucos meses, pode-se considerar apenas como uma flutuação comum nos preços.

Para ficar ainda mais fácil de entender, confira a definição de inflação e de um outro termo do mundo da economia, desinflação.

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O que é inflação?

Este é talvez um dos termos mais conhecidos da população brasileira. A inflação indica o aumento generalizado dos preços de diferentes itens essenciais no dia-a-dia da população, sejam eles bens e serviços.

A taxa de inflação faz referência a cesta de produtos e serviços em um determinado período.  Eles são:

  • Transporte
  • Alimentação e bebidas
  • Habitação
  • Saúde e cuidados pessoais
  • Despesas pessoais
  • Comunicação
  • Educação
  • Vestuário

O valor destes itens são medidos mensalmente e são utilizados para indicar se há inflação ou deflação. Com o aumento dos preços, diminui com o tempo, o poder de compra do brasileiro. Ou seja, você precisa de mais dinheiro para adquirir o mesmo produto ou serviço. Uma situação ruim para os consumidores e, certamente, péssimo para as empresas que deixam de vender.

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

O índice que mede a variação destes produtos, e é referência para o regime de metas da inflação brasileira, é chamado de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Ele reflete os padrões e hábitos de consumo das famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.

Portanto, quando você ver que a inflação de determinado mês ficou em 1%, isso significa que os itens mencionados acima sofreram um aumento de 1% naquele período.

O que é desinflação?

Já a desinflação ocorre quando os preços sobem em ritmo mais lento, ou seja, significa que há um processo de desaceleração do processo inflacionário. Assim, ao contrário do que acontece com a deflação, quando há desinflação, o consumidor é levado a antecipar as suas compras, já que a tendência dos preços é continuar subindo.

Por que a deflação prolongada é um sinal ruim para a economia?

Por mais que a deflação seja a queda de preços, ela não é tão boa quanto parece. Em um primeiro momento, ela pode até incentivar o consumo já que pode-se comprar mais produtos com preços mais baixos. Entretanto, se ela dura muito tempo, pode ser um indício de problemas na economia.

Quando a deflação é prolongada e o governo não cria medidas para controlar a queda dos preços, pode trazer um quadro de recessão econômica para o país. Segundo o economista Alexandre Amorim, com a deflação as pessoas optam por consumir mais para frente, já que os preços têm tendência de se manter em baixa.

Além disso, essa decisão do consumidor pode fazer com que os preços caiam ainda mais. Ao final, há um círculo vicioso, fazendo com que a deflação aumente cada vez mais, e com que os preços caiam cada vez mais.

Como as empresas vendem menos produtos e serviços, as perspectivas de lucro também não são nada boas. O resultado é que muitas delas optam por não contratar novos funcionários e até mesmo demitir alguns que já estavam empregados. Com menos empregos, a situação se agrava ainda mais, resultando em rescisão e desemprego.

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Crise Econômica de 1929

Ao longo de sua história, o Brasil passou por deflação em situações raras. Este fenômeno econômico é mais comum nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo.

O caso mais icônico de deflação ocorreu devido à quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929. Os reflexos foram mundiais e durante esse período, o Brasil teve uma deflação de 8,9%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Com o intuito de reduzir a oferta e aumentar a procura de um dos principais produtos de exportação da época, o governo de Getúlio Vargas decidiu comprar milhões de sacas de café e queimá-las.

A deflação mais recente vivenciada pelo Brasil foi em 1998, quando o IPCA sofreu queda por um período de 3 meses. Durante este ano o mundo também passava por diversas crises financeiras.

Por isso, o principal objetivo do Banco Central do Brasil (BACEN), é manter a inflação baixa, mas equilibrada ao longo do tempo.

Como a deflação pode ser combatida?

Segundo especialistas, a forma que o governo tem para combater a inflação é manter o dinheiro circulando. Isso pode ser alcançado resgatando-se a confiança do empresário e do consumidor.

Nesse sentido, um dos principais mecanismos que o governo tem para controlar a deflação, é através da emissão de moeda, colocando mais dinheiro em circulação. Essa medida é capaz de gerar inflação por um período que varia entre 3 e 6 meses. A outra forma seria através da manutenção da taxa de juros baixas.

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