Dinheiro ajuda a trazer felicidade, mas até determinado ponto

Por Redação Onze

Dinheiro traz felicidade

A busca de felicidade faz parte do dia-a-dia das pessoas.

Em nosso cotidiano, somos constantemente bombardeados com mensagens publicitárias sobre como nossas vidas vão melhorar se comprarmos o produto X, se formos morar no condomínio Y ou se começarmos a investir e seguir os ensinamentos da companhia Z.

Mas até que ponto acumular bens materiais, morar em um condomínio de luxo e ser uma pessoa rica tem uma relação direta com a conquista da felicidade? Afinal, qual a resposta mais sensata para a eterna pergunta: “dinheiro traz felicidade?”

Logo de início, esse artigo pretende demonstrar que, mais importante do que ganhar rios de dinheiro é administrar de forma eficaz a renda que você já tem. Esse pode ser um bom caminho para uma maior satisfação pessoal, se você está em busca de felicidade e de uma saúde financeira ideal.

Antes de tudo, o que é felicidade

Acredita-se que a felicidade esteja associada à satisfação de uma pessoa com a sua própria vida, sobretudo em relação aos seguintes fatores:

  • Atingimento de metas e aspirações
  • Nível de conforto, saúde e renda
  • Relações interpessoais significativas

Portanto, um consenso possível entre a maioria das definições de felicidade é de que ela seria o objetivo final da existência de cada indivíduo

Além disso, ela estaria relacionada a uma vida pautada pela busca do equilíbrio (ou da virtude), pelas relações interpessoais (amizades ou relacionamentos amorosos) e pela quantidade de conforto, prazer e saúde que temos em nosso cotidiano, além de considerar o aspecto subjetivo das prioridades individuais.

  • Conceito científico

Para a ciência, a felicidade pode ser apenas uma forma de nos enganarmos em busca de vantagens no processo evolutivo.

“As leis que governam a felicidade não foram arquitetadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência de nossos genes no longo prazo”, afirma o psicólogo americano Robert Wright. 

Portanto, a felicidade seria uma ilusão que nos mantém sempre em busca de mais: mais prazer, mais segurança, mais bens materiais, enfim, mais felicidade passageira para que a gente nunca se acomode.

Se o prazer que temos durante o sexo fosse prolongado, a gente teria relações uma vez por ano. Como é algo passageiro, somos “forçados” a buscar esse prazer de forma constante, aumentando a possibilidade de nossos genes serem, portanto, preservados.

  • Perspectiva filosófica

Saindo de uma perspectiva científica e indo para um conceito mais filosófico, Aristóteles pensava a felicidade como relacionada aos conceitos de virtude, amizade, honra e prazer, sendo a felicidade o bem maior buscado pelo ser humano.

Além disso, para ele, a felicidade está ligada à questão da necessidade, ou com o preenchimento de algo que esteja em falta. Essas necessidades podem ser fundamentais, como saúde e segurança, ou supérfluas, no caso da busca por uma riqueza extrema.

Qual o preço da felicidade?

Independentemente de qual conceito faça mais sentido para você, é inevitável fazer a ligação entre dinheiro e felicidade. Pesquisas apontam que, de fato, existe uma correlação entre maior satisfação e renda, mas apenas até determinado ponto.

Segundo o “Gallup World Poll”, estudo realizado em 2018 com 1,7 milhão de pessoas de 164 países, existe um valor médio ideal de renda que, globalmente, é definido como US$ 95 mil anuais. Cada região do planeta, no entanto, possui o seu próprio nível ideal.

Apesar de uma maior renda estar associada à ideia de maior conforto e de maior felicidade, após esse patamar de renda, a satisfação das pessoas não continua aumentando na mesma proporção do dinheiro.

Isso, segundo a pesquisa, é provocado pela ansiedade social que advém de níveis maiores de renda, das maiores responsabilidades que as pessoas acabam tendo e o fato de que começa a ocorrer uma maior comparação com colegas, aumentando a competitividade.

Outra pesquisa, realizada pelo economista Angus Deaton e pelo psicólogo Daniel Kahneman pela Universidade de Princeton em 2010, também teve resultados parecidos.

De acordo com ela, o nível de satisfação e de felicidade tende a aumentar com a renda, mas até o nível de US$ 75 mil anuais. Acima desse patamar, não foi encontrada uma correlação entre maior nível de renda e maior felicidade, ou seja, acima disso não se aplica a máxima “dinheiro traz felicidade”.

Menor renda = maior vulnerabilidade

Outro aspecto importante revelado pela pesquisa é que um nível menor de renda não causa tristeza por si mesmo, o que acontece é que as pessoas se sentem mais vulneráveis e sem perspectiva de resolver os problemas que elas já têm.

O estudo mostra que entre as pessoas divorciadas, 51% daquelas que ganhavam menos de US$ 1 mil por mês responderam que se sentiram tristes ou estressadas no dia anterior. Já entre as pessoas que ganhavam mais de US$ 3 mil por mês, apenas 24% indicaram os mesmos problemas.

Ou seja, não é ganhar menos que provoca tristeza, mas uma renda maior permite que as pessoas sejam menos atingidas por adversidades e consigam contornar problemas mais facilmente.

Cada um sabe da sua felicidade

Portanto, podemos dizer que é preciso ter um mínimo de dinheiro para nos sentirmos felizes, já que ele pode proporcionar segurança, conforto, momentos de lazer, possibilidade de cuidar mais da saúde e da alimentação, por exemplo. Necessidades que são importantes para que o ser humano consiga alcançar o bem-estar.

Contudo, cada um sabe do preço da própria felicidade. Isso é o que explica o economista Marcelo Neri, em seu estudo “Como vai a vida? Entendendo a economia da felicidade”. Para ele, cada pessoa tem suas próprias ideias sobre felicidade e sobre o que é uma vida boa.

“A felicidade dos indivíduos poderia ser captada perguntando-se diretamente às pessoas o quão satisfeitas elas estão com suas vidas. Partimos da premissa de que elas são os melhores juízes sobre a qualidade geral de suas vidas e, portanto, nenhuma estratégia poderia ser mais natural e direta do que lhes perguntar sobre seu nível de bem-estar”.

Em busca de felicidade: dicas para conquistar seu objetivo

Se, como vimos anteriormente, o dinheiro traz felicidade até certo ponto, é importante que você tenha uma boa saúde financeira e administre bem o seu dinheiro para que ele trabalhe a seu favor na busca por uma vida mais tranquila.

Ou seja, você não precisa necessariamente ganhar um salário muito alto, mas garantir que a sua renda supra as suas necessidades essenciais e que não se torne um fator prejudicial, o que pode ocorrer quando há desorganização financeira.

Isso ocorre quando a pessoa perde o controle sobre suas finanças, não consegue evitar a inadimplência, não consegue poupar e acaba ficando estressada em função de suas pendências. Para manter um bom nível de saúde financeira e felicidade, é necessário:

  • Ter controle sobre suas finanças
  • Ser capaz de absorver um evento ocasional que provoque impactos financeiros
  • Estar no caminho certo para atingir suas metas e objetivos de longo prazo
  • Ter liberdade financeira para tomar decisões que permitirão aproveitar melhor a vida

Nesse sentido, o dinheiro traz felicidade na medida em que pode ajudar nessa busca como um facilitador, já que evita que circunstâncias imprevistas te atinjam de forma muito forte, tornando-o incapaz de reagir e deixando você acuado.

O dinheiro, quando bem administrado, pode ajudar na busca de felicidade ao permitir que você:

  • Tenha mais tempo livre e de qualidade com as pessoas que gosta
  • Garanta um nível razoável de conforto, saúde e prazer material
  • Permita que você planeje e invista no seu futuro
  • Possibilite que você gaste não só com bens, mas com experiências enriquecedoras
  • Permita que você gaste não com você, mas com outras pessoas