Veja dicas para organizar as finanças do casal

Por Redação Onze

Não adianta fugir. Cuidar das finanças do casal não significa que o afeto não seja forte, ou que o tema irá interferir negativamente na relação. Pelo contrário. A saúde financeira do casamento precisa estar em ordem para que a união seja sólida e equilibrada

Manter o orçamento controlado mostra que ambos se preocupam com o bem-estar e realizações do outro, e cuidam para que tenham um futuro confortável juntos, sem anular necessidades individuais. Ou seja, o tema está longe de ser algo egoísta e mesquinho. 

Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que muitos casamentos podem acabar em briga, quando o assunto é dinheiro. O estudo ouviu 656 pessoas de todas as capitais brasileiras e revelou que 16,7% dos brasileiros casados declaram que a maneira como eles gastam o próprio dinheiro é motivo de briga dentro de casa. De acordo com o estudo, o percentual de casos de conflitos aumenta de 16,7% para 22,7%, quando analisados somente os casais inadimplentes, ou seja, aqueles que estão com contas em atraso. Ao analisar apenas os entrevistados que estão adimplentes — sem nenhuma conta em atraso — o percentual cai para 10,7%. Portanto, como forma de evitar conflitos, quanto mais cedo o casal buscar ter saúde financeira, melhor. 

Para isso, não é necessário esperar o casamento ou uma formalização da união para discutir o assunto. O simples ato de morar junto já dá essa prerrogativa. No namoro, a discussão pode acontecer de forma mais leve e gradual. 

Consequências de não ter saúde financeira do casamento

Dinheiro, infelizmente, ainda é um tabu para muitos casais. Não falar sobre o tema e não buscar manter hábitos saudáveis em relação ao dinheiro em conjunto são, naturalmente, atitudes que levam ao descontrole financeiro e um orçamento caótico é terreno fértil para conflitos. 

Ter o orçamento sempre apertado, carregar muitas dívidas e não ter uma reserva financeira provoca estresse financeiro permanente. O sentimento  cai como uma bomba em um relacionamento: se ambos vivem preocupados com a situação financeira é provável que acabem se esquecendo de cuidar da relação afetiva – e acabem descontando no outro suas frustrações e expectativas.

Além disso, a falta de saúde financeira do casamento pode gerar as chamadas traições financeiras, a falta de sinceridade sobre as contas e consumo. Essa prática tem consequências trágicas, pois ameaçam a confiança e, muitas vezes, podem levar ao fim do relacionamento. O comportamento inclui desde uma pequena compra, que acaba por estourar o orçamento para gastos pessoais, até a criação de grandes dívidas. 

No fim das contas, a falta de saúde financeira gera brigas, desconforto, desconfiança e priva o casal de realizar sonhos em comum por pura falta de organização. Até mesmo os planos individuais acabam sendo abalados, já que não podem contar com o apoio e colaboração (por que não financeira?) do parceiro.

Nesses casos, são necessárias reavaliações sobre o relacionamento. É possível que vocês estejam cometendo algum dos seguintes erros:

  • Falta diálogo;
  • Falta respeito com a opinião do outro;
  • Falta sinceridade sobre os gastos;
  • Necessidades de gastos individuais estão sendo ignoradas;
  • Falta esforço coletivo;
  • Metas em conjunto estão desalinhadas.

A partir da prática de hábitos simples e regulares listados abaixo é possível manter as finanças do casal em ordem. A recompensa vem na forma de independência financeira, que une conquistas de objetivos, conta no azul e a criação de um patrimônio sólido para a velhice. 

  • Façam metas juntos

Você não sabe quais são as metas do seu parceiro no curto, médio e longo prazo? Pois está na hora de sentar junto e deixar isso claro. Caso já saiba, ela é semelhante à sua, ou diferente? Quais são os pontos em comum e como esses objetivos podem ser adaptados para que o casal possa caminhar na mesma direção? 

Nesse tópico o importante é o equilíbrio: metas pessoais não devem ser anuladas pelas metas em conjunto, mas precisam minimamente fazer sentido para o casal. Se um dos dois faz questão de morar em uma casa chique de condomínio e outro prefere ter uma vida mais simples na praia, essa discordância vai acabar gerando problemas futuros. Por isso, conversar é tão importante. Como exemplo de metas do casal temos:

  • Compra ou reforma da casa;
  • Aquisição ou troca do carro;
  • Nascimento dos filhos;
  • Planejamento de viagens.

Já entre as metas individuais estão investimentos na carreira, abertura do próprio negócio, entre outros planos pessoais.

Após colocar no papel as metas do casal e as pessoais, é necessário definir prioridades. Por exemplo, pode fazer mais sentido priorizar aprimoramentos profissionais, ainda que sejam metas pessoais, caso o orçamento esteja apertado e o casal necessite de um aumento de renda na forma de promoção no emprego. Depois, analise o orçamento para verificar quanto pode ser poupado mensalmente de cada lado e discuta com o parceiro como o dinheiro será investido.

É importante que metas que possam ser atingidas de forma mais rápida (como viagens e aprimoramentos profissionais) caminhem paralelamente com as que necessitam de maior planejamento (como contribuir para um plano de previdência privada e juntar dinheiro para abrir um negócio próprio). Essa é uma forma de evitar frustrações, mantendo o casal incentivado a poupar enquanto toma fôlego para atingir objetivos de longo prazo, que exijam maior acúmulo de dinheiro. 

  • Analisem as contas ao final de cada mês

Para não se desviar de metas, é importante que haja controle de gastos e despesas mensais. O ideal é que o casal sente junto, ao final de cada mês, para analisar esses valores. 

Aqui a sinceridade é importantíssima. Sem ela pouco adianta fazer essa reunião mensal. Isso não significa que o casal não possa ter privacidade sobre suas próprias contas, mas todos os valores devem ser colocados para análise, nem que sejam agrupados por segmentos, como lazer, contas da casa, entre outros. Dessa forma é possível analisar que tipos de cortes de gastos podem ser feitos, se houver necessidade.

Nesses momentos a discussão deve ser construtiva. Uma forma de evitar que seja apenas teórica é traçar um plano para o próximo mês e engajar ambos nesse objetivo. É necessário, portanto, estar aberto a mudanças de hábitos: se um dos parceiros é mais descontrolado financeiramente, deve se esforçar para mudar em prol do bem do casal, tanto financeiro quanto emocional. 

O indicado é dividir tarefas relacionadas às finanças do casal, como pagamentos de contas e aplicações. Dessa forma, o peso da responsabilidade é dividido e se torna mais leve para ambos. Mas caso um dos parceiros consiga gerir as finanças de forma mais organizada, pode ser melhor que tenha mais responsabilidades nessa divisão. 

  • Montem um orçamento conjunto que respeite necessidades pessoais

É indispensável ter um orçamento para as contas da casa e também para o futuro, mirando a aposentadoria, por exemplo. Contudo, para que a vida não fique engessada em reservas financeiras é importante que parte do orçamento seja voltada para satisfazer as necessidades pessoais de cada um e também momentos de lazer a dois.

Nesse tópico podemos incluir gastos mensais individuais, como academias de ginástica, salão de beleza, e hobbies do parceiro, bem como experiências em conjunto, como a realização de viagens e idas a restaurantes. 

Ter espaço para este gastos é saudável porque impede que o relacionamento seja prejudicado pela preocupação excessiva com o futuro, não deixando espaço para pequenas satisfações. 

Ao definir esse orçamento, as necessidades pessoais de cada um não devem ser monitoradas constantemente ou objeto de crítica pelo outro. O mais importante é impor limites a esses gastos individuais. Nesse caso, o que cada um fará com o dinheiro até esse ponto pouco importa para o bem-estar financeiro de ambos. 

Muitos casais se perguntam se o melhor é criar uma conta conjunta ou manter contas individuais para gerenciar o orçamento. O mais importante é que se faça o que ambos se sentem confortáveis e o que permite que se organizem melhor. Mantendo a transparência nos gastos e em relação à renda, e dividindo responsabilidades, o tipo de conta acaba sendo apenas um detalhe. 

  • Considerem diferenças de rendas

Para manter as finanças do casal em ordem é importante considerar diferenças de renda. O casal pode optar que quem ganhe um salário maior pague proporcionalmente mais contas, ou que todas as despesas sejam divididas igualmente. 

Contudo dividir todos os gastos igualmente quando a renda de um dos parceiros é maior pode causar frustração, já que quem ganha mais poderá ter mais espaço para gastos pessoais, tanto para lazer como para a realização de projetos. 

Por isso, é importante que os dois se sintam confortáveis com a forma como os gastos serão divididos. Ambos os parceiros devem ser honestos e sinceros em relação a esse sentimento, que no longo prazo pode minar a relação. 

Caso a divisão igualitária provoque desconforto, é recomendável que a renda de ambos seja considerada na montagem do orçamento conjunto, e limites para gastos com lazer e bem estar valham para ambos.

Ter uma reserva financeira para gastos imprevistos é um fator importante para que a estabilidade emocional do casal seja mantida e as preocupações com uma eventual perda de renda ou desemprego do parceiro não interfiram na relação diária. 

O ideal é que a reserva seja equivalente a seis meses de salários de ambos. O objetivo é que o padrão de vida não sofra alterações bruscas em momentos de crise., situação que provoca estresse e frustrações, gerando brigas. 

Se ambos os parceiros têm dívidas devem priorizar o pagamento dos débitos de forma a montar uma reserva financeira o mais rápido possível. Esse processo deve priorizar dívidas mais caras. Uma forma de amortizá-las pode ser vender bens, usar o 13º salário e buscar uma renda extra.