Dinheiro parado na poupança? Você pode estar tendo prejuízo

Por Redação Onze

Se a poupança é a primeira coisa que você pensa quando falamos de investimento, você não está sozinho.

De acordo com pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), nove em cada dez brasileiros pensam o mesmo e escolhem a poupança na hora de aplicar suas economias.

Porém, apesar da popularidade no Brasil e da crença de que a Poupança é um investimento certo e seguro, na atual cenário do país a sua rentabilidade real está negativa. Ou seja, se você tem dinheiro parado na poupança, você pode estar perdendo capital.

Entenda neste artigo porque a poupança não é a melhor forma de investir, e claro, quais são as alternativas para aplicar o seu dinheiro e melhorar sua saúde financeira.

Qual o rendimento da caderneta de poupança?

A poupança rende, mas pouco, se comparada a outras aplicações. Tanto que, para alguns especialistas, atualmente ela nem pode ser considerada como um investimento.

Mas por que a poupança rende tão pouco a ponto de não ser interessante ter seu dinheiro parado nela? Para entender isso, vejamos primeiro como a caderneta funciona.

A rentabilidade da poupança depende basicamente de duas taxas: a Selic, taxa básica de juros; e a Taxa Referencial – TR, criada pelo governo Collor para controlar a indexação e a hiperinflação do país, na época.

Considerando essas taxas, a regra é a seguinte: se a Selic for menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende ao mês 70% da Selic mais a TR. Mas, se a Selic for maior ou igual a 8,5% ao ano, a regra muda: a rentabilidade passa a ser fixa.

Neste caso, a poupança renderá 0,5% mais a TR, ao mês. Ou seja, quanto maior a taxa Selic, menos atrativa fica a poupança. Além disso, a TR está negativa ou zerada desde 2012, fazendo com que a poupança renda, atualmente, apenas 70% da Selic.

Hoje, com a taxa Selic a 5,0%, o rendimento da poupança fica em 3,50% ao ano, ou 0,28% ao mês. Então, se você investir R$ 100 na poupança agora, irá sacar R$103,50 no ano que vem. E pode parecer que você ganhou dinheiro, mas na conta final, é preciso considerar a inflação – cuja taxa está em quase 4% ao ano.

Ou seja, no balanço final, o ganho do investidor é quase zero, já que o valor aplicado valorizou menos que o custo de vida (preços dos produtos e serviços) e não aumentou seu poder de compra.

A Poupança ainda é confiável?

Sim, sem dúvida. A caderneta de poupança tem histórico sólido: foi criada em 1861 pelo imperador Dom Pedro 2°, junto com a Caixa Econômica da Corte (atual Caixa Econômica Federal), representando o primeiro sistema bancário e de investimento em massa do país.

Centenária, a poupança passou por altos e baixos ao longo de sua história. Até o início do século 20, viu seu número de investidores crescer, e só começou a ser abalada pela inflação na metade do século, quando suas regras de rentabilidade passaram a mudar com mais frequência na tentativa de controlar a inflação.

Em 1967, estabelecendo um marco histórico no país, a poupança passou a ser usada ferramenta de crédito imobiliário, sendo até hoje uma das principais formas de se adquirir uma casa própria no Brasil. Já sua crise mais traumática veio com o Plano Collor, em 1990, quando o governo congelou por 18 meses as cadernetas com valores acima de Cr$ 50 mil (equivalentes a R$ 5,5 mil, hoje).

Com o Plano Real, a confiança poupança foi restabelecida, e chegou a render até mais que qualquer outro fundo do país, quando a taxa Selic despencou na metade desta década.

Hoje, a confiança do brasileiro na poupança está na percepção de solidez dos bancos, na facilidade em abrir uma conta, na facilidade de sacar o dinheiro (chamada liquidez), e na isenção de taxas de administração e cobrança de Imposto de Renda (IR) ou Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Além disso, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) garante o reembolso de valores de até R$ 250 mil se a instituição quebrar – com exceção da Caixa Econômica Federal, que garante 100% do valor investido.

Ainda que a caderneta pareça o investimento mais conveniente para os brasileiros, hoje existem opções tão seguras quanto  – e mais rentáveis – que deixar seu dinheiro parado na poupança, como veremos em seguida.

Quais investimentos são melhores que a Poupança?

Tesouros, fundos e siglas não faltam: Tesouro Direto, Fundo Simples, CDB, LCI, LCA. Há muitas opções no mercado e você só precisa conhecer um pouco melhor sobre cada um deles para entender qual é o mais adequado ao seu perfil – e não terá dúvidas de que, investindo somente na poupança, estaria perdendo a chance de ter rendimentos muito mais interessantes.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um título público emitido pelo Tesouro Nacional em parceria com a Bolsa. Essa é considerada uma das aplicações mais seguras atualmente, já que na prática você estará emprestando dinheiro do Governo Federal.

Existem três tipos de Tesouro Direto:

  • Tesouro Selic: rentabilidade de 100% da taxa Selic, alta liquidez, indicado para investimentos a curto prazo.
  • Tesouro IPCA: indicado para investimentos de médio e longo prazo, rende de acordo com a inflação, mais uma taxa prefixada
  • Tesouro Prefixado: rende de acordo com uma taxa prefixada, que não muda

O valor mínimo para investir em qualquer um dos tipos de Tesouro é de R$ 100,00. Você pode vender os títulos e resgatar seu dinheiro a qualquer momento, mas quanto mais tempo investir, menor será a alíquota de imposto de renda cobrada. Por exemplo, se o resgate for feito até 12 meses da data do investimento, incidirá sobre ele uma alíquota de 22,5%. Após 24 meses, a taxa diminui para 15%.

Além do IR, alguns agentes cobram também a taxa custódia pela negociação dos títulos do Tesouro Selic, de até 2%.

Certificado de Depósito Bancário (CDB)

Um dos títulos privados mais conhecidos, é emitido por bancos para financiar as atividades dessas instituições. E é isso que o diferencia do Tesouro Direto:  enquanto no Tesouro você empresta dinheiro do governo, no CDB o empréstimo é com o banco.

O CDB é uma boa opção para iniciar uma carteira de investimentos, e também tem maior rentabilidade a longo prazo – assim podem chegar a pagar mais de 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Além disso, é uma alternativa tão segura quanto a poupança, pois é protegido pelo Fundo Garantidor de Créditos.

Fundos de Renda Simples

Criado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em 2015, os Fundos de Renda Simples funcionam com compras de cotas, sendo uma diversificação dos investimentos em renda fixa, semelhantes ao Tesouro e o CDB.

Também é uma aplicação de baixo valor de entrada e com alta liquidez – pode ser resgatada a qualquer momento -, mas para ser pensada a longo prazo, uma vez que as regras de incidência do IR são as mesmas citadas acima (diminuem ao longo do tempo).

Nesta modalidade, normalmente o gestor costuma aplicar a maior parte do dinheiro dos investidores no Tesouro Direto ou em renda fixa. Então, fique atento às taxas administrativas: se passarem de 2%, vale mais a pena optar pela aplicação direta, sem intermediários, desde que você tenha tempo de fazer essa administração.

Letras de Crédito Imobiliário e Crédito do Agronegócio (LCI e LCA)

A LCI e LCA também são aplicações de renda fixa, mas diferem do Tesouro e do CDB por serem isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas. Os títulos também são emitidos por bancos, mas destinam-se ao financiamento de atividades nos setores imobiliário e do agronegócio.

Boas aplicações em LCIs e LCAs normalmente pagam mais que 90% do CDI, podendo render até 95% em um investimento de 720 dias. O resgate desse investimento pode ser feito em um prazo mínimo de três meses.

Como escolher o melhor investimento?

Agora que você já sabe que deixar o seu dinheiro parado na poupança não é a única opção segura de investimento e nem a mais rentável, como saber qual opção escolher para começar a investir melhor?

Não existe uma resposta exata para esta pergunta pois a escolha vai depender de muitas variáveis, como sua situação financeira, conhecimento de mercado, seus objetivos e do seu perfil de investidor – conservador, moderado ou agressivo -, o que determinará sua tolerância aos riscos.

Porém, uma recomendação geral é que você mantenha uma carteira diversificada, não concentrando todo seu investimento em apenas um ativo. Para equilibrar essa diversificação, é importante que você conte com profissionais especializados para te auxiliar na identificação do seu perfil e na gestão dos seus investimentos.

E então, vamos sair da zona de conforto do dinheiro parado na poupança para investir melhor?