Eleição de 2019 na Argentina: como isso pode influenciar a economia e investimentos

Por Redação Onze

A eleição na Argentina teve como vencedor Alberto Fernández. O novo presidente no lugar de Mauricio Macri tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015). O novo governo tem a missão de recuperar a economia do país e trazer estabilidade para um país crise, porém o mercado financeiro é reticente com o legado ressuscitado do kirchnerismo.

O interesse na economia do país vizinho é enorme por parte do Brasil. Pesquisadores estimam que a crise argentina, que é um dos principais parceiros comerciais brasileiros, pode ter diminuído diretamente em até 0,2% o Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2018, sendo que o percentual pode aumentar nos anos seguintes.

Siga com a leitura que a Onze explicará tudo sobre como a eleição Argentina influencia nos investimentos.

Eleição de 2019 na Argentina: Como influencia os investimentos

Um cenário de incertezas no país vizinho não contribui para as exportações do Brasil e afetam diretamente a indústria nacional. Uma desestabilização maior por lá pode ter reflexos aqui. Vamos entender melhor alguns pontos do que acontece na Argentina para ver como a crise que enfrentam pode respingar aqui.

1) Juros

A taxa de juros na Argentina tem mudado constantemente, embora sempre alta. A taxa de juros acumulada de janeiro a setembro (2019) foi de 37,7%. A política de desinflação adotada pelo governo Macri foi interrompida por alguns meses para controlar a subida do dólar, com isso o juros foram a 40% em maio e bateram 80% ao ano em agosto. No início de novembro ficaram em 63%.

A crise argentina com desemprego na casa de 10% e inflação de 55% fez a moeda do país sofrer forte desvalorização. Entre janeiro e setembro a moeda foi depreciada em 34%.

Com menor poder de compra as famílias passaram a sacar as reservas de dinheiro para se protegerem. Porém os saques foram feitos em dólar, o que agravou a situação e o governo ‘queimou’ mais reservas na moeda estrangeira para controlar seu preço, mas sem sucesso.

Este cenário no país vizinho pode ser preocupante caso a situação piore e o país declare nova moratória como em 2001. Em 2019, o governo Macri conseguiu renegociar uma dívida junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e evitar uma nova moratória. No entanto, se uma grave crise se instalar de vez o Brasil pode ser afetado, pois, como já foi apontado, é um importante parceiro comercial.

Como também existe o acordo Mercosul-União Europeia para ser concretizado, fica imprevisível como a taxa de juros em disparada pode afetar também esta relação.

2) Importações

Os nossos vizinhos ficam na terceira colocação de parcerias comerciais, perdendo só para Estados Unidos e China. As exportações nacionais para a Argentina correspondem a 5% do total. Dessa maneira, uma economia fraca do outro lado da fronteira significa que o Brasil sai perdendo.

Isto fica evidenciado com os dados da Ministério da Economia que divulgou que até outubro de 2019 o Brasil ficou em déficit comercial com a Argentina em US$ 621,8 milhões, sendo que até o final do ano isto pode aumentar. Para ter uma ideia de como a crise argentina tem afetado a indústria brasileira, esta será a primeira vez em 16 anos que o Brasil registra déficit com o parceiro comercial.

Nos últimos anos, as exportações para a Argentina já caíram em diversos setores, entre eles o de autopeças que já caiu mais de 30% em 2019.

Existe também a preocupação de o novo governo impor regras de importação que dificultem a venda de produtos nacionais como aconteceu durante o governo de Cristina Kirchner. A licença pedida para importados foi uma maneira, na época, do governo controlar a saída de dólares e que provocou atrasos comerciais.

3) Recessão

O país fechou 2018 com o PIB negativo em 2,5%. Em 2019 o país deve fechar o ano em recessão e em 2020 também, segundo estimativas do governo e do FMI. Estas perspectivas nada animadoras tem relacionamento com os outros indicadores que não possibilitam a retomada da produção, como os altos juros e a inflação.

Com a indústria parada e o desemprego em alta, o consumo das famílias também cai, o que faz ainda menos dinheiro girar. Para tentar mudar este cenário Fernández informou que adotará medidas de substituições de produção para aumento da produção interna e, consequentemente, incremento das exportações.

4) Imóveis

O setor imobiliário da Argentina está em uma profunda crise, isto porque no país a compra e venda de imóveis é feita em dólar. Como já apontamos, com o peso muito desvalorizado perante a moeda norte-americana a situação do setor acompanha a do país.

Para quem quer comprar imóveis e recebe renda em peso, ficou muito difícil a realização do negócio. Para quem financiou um imóvel tempos atrás, com a inflação alta e a desvalorização da moeda nacional, os preços das parcelas dispararam endividando  a população. E tudo isso acontecendo em um cenário com alta taxa de desemprego.

Esta situação contribui para que o setor da construção fique estagnado e ao mesmo tempo as pessoas não tem condições de comprar um imóvel.

5) Longo prazo

A longo prazo a eleição de 2019 na Argentina, como influencia os investimentos e como atinge o Brasil, dependerá das políticas adotadas pelo novo governo. O mercado reagiu negativamente ao resultado com desvalorização do peso logo após o pleito.

A política kirchnerista que foi alçada de novo ao poder é o alvo principal do receio do mercado, pois acredita-se que as políticas de ajuste fiscal adotadas no governo Macri serão interrompidas pelo governo de Alberto Fernández, como ele mesmo já declarou.

Para o Brasil o interessante é que as relações diplomáticas se mantenham estáveis e a troca de farpas entre os governantes não afete acordos comerciais. Uma melhora do câmbio e a diminuição da pobreza na Argentina são fundamentais para que as exportações para o país cresçam e o Brasil consiga capitalizar. No entanto, somente com o desenrolar do próximo governo é que saberemos como vai ficar.

O tema eleição de 2019 na Argentina, como influencia os investimentos e como influencia o Brasil lhe ajudou a entender melhor o cenário econômico? Os artigos da Onze são pensados para você, investidor. Por isso não deixe de conhecer o nosso site e aprenda mais com a Onze.