Previdência privada ou poupança: qual investimento escolher?

Por Redação Onze

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No momento de planejar uma vida financeira a longo prazo e garantir uma renda complementar que torne mais tranquilo o processo de aposentadoria, muitos brasileiros têm dúvidas de como definir o melhor investimento.

As possibilidades para obter uma renda complementar à aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) são muitas e podem contemplar os mais variados tipos de investidores. Entre os investimentos estão a previdência privada e a poupança.

Pensando nisso, reunimos mais detalhes sobre cada uma delas para que você possa fazer a melhor escolha entre previdência privada e poupança.

O que é previdência privada?

A previdência privada é uma alternativa de renda complementar à previdência pública. Todas as modalidades oferecidas neste modelo são fiscalizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal.

Diferentemente do que ocorre na previdência social, esse tipo de renda complementar permite que o investidor escolha o valor da contribuição e a periodicidade com que será feita. Além disso, o valor investido pode ser resgatado caso a pessoa desista do plano.

Existem dois planos disponíveis: o Plano Gerador de Benefícios Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).

Devido ao fato de o valor pago ser abatido no Imposto de Renda – para casos em que o valor representa até 12% da renda bruta anual –, o plano PGBL é mais indicado para pessoas com renda mais alta. Entretanto, ao sacar o dinheiro, o imposto é pago sobre o valor total do fundo. Se o montante for de R$ 100 mil, o imposto será referente a esse valor.

A segunda alternativa de plano é o VGBL, que não pode ser abatido no Imposto de Renda. No entanto, quando o dinheiro é sacado, a incidência de imposto é referente ao rendimento do investimento. Por exemplo, se o valor total é de R$ 300 mil, mas o rendimento ao longo do plano foi de R$ 70 mil, o imposto será cobrado de acordo com o último valor.

Independentemente do tipo de plano escolhido, é necessário prestar atenção à forma de cobrança de impostos. A tabela regressiva e a tabela progressiva são as duas configurações de tributação encontradas nas propostas de previdência privada.

A tabela progressiva é mais vantajosa para os investidores que querem receber o valor de maneira parcelada. Já a tabela regressiva acaba sendo recomendada para quem deseja efetuar o resgate de uma só vez.

O que é poupança?

A poupança, também conhecida como caderneta de poupança, é um tipo de conta bancária onde é possível reservar dinheiro e receber uma rentabilidade.

Diferentemente da conta corrente, a poupança serve apenas para poupar dinheiro, podendo estar vinculada a uma conta corrente ou ser aberta de maneira separada em uma agência. Mesmo com a baixa rentabilidade, ela é considerada um bom investimento para muitas pessoas que querem aplicar suas economias.

O dinheiro empregado na conta poupança recebe um rendimento considerando um período mensal. Independentemente do banco, a taxa de rentabilidade da poupança será a mesma tanto para bancos públicos como para privados – essa tarifa é definida e fiscalizada pelo governo, por meio do Banco Central.

Para obter bons rendimentos com a poupança, é necessário analisar dois índices econômicos: a Taxa Selic e a Taxa Referencial (TR). A remuneração básica é o valor mensal da TR, e a remuneração adicional é calculada de acordo com a Selic. Para explicar melhor, vamos analisar alguns dados:

→ O dado de janeiro de 2020 mostra que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) mantém a Selic fixada em 4,5% ao ano.

→ A Taxa Referencial se mantém em 0% desde 2018.

Com esses dois dados, é possível identificar o cálculo dos juros da poupança. Considerando 70% da Selic + TR, a taxa de rendimento é de 3,15% ao ano ou 0,2625% ao mês.

Mas lembre-se: esses dados são relativos à situação atual, e qualquer mudança nos números pode alterar o rendimento da poupança.

Principais diferenças entre previdência privada e poupança

Ao pensar em fazer um investimento, é preciso avaliar todas as diferenças e qual é a melhor aplicação de acordo com o seu perfil. E quando o assunto é escolher entre previdência privada e poupança, não é diferente.

Quando ocorre a comparação entre as taxas e o rendimento, pode-ser notar que as características entre previdência privada e poupança são divergentes.

→ Tributação

A poupança não tem incidência de Imposto de Renda (IR), ou seja, todo o valor que estiver na conta poupança pode ser sacado sem a necessidade de pagar o imposto.

Já a previdência privada conta com dois modelos de tributação: a tabela regressiva e a tabela progressiva.

Na tabela regressiva, a alíquota do Imposto de Renda é cobrada de acordo com o tempo do investimento – para aplicações de menos de dois anos, a incidência é de 35%; já quando o período é de 10 anos, a taxa cai para 10%. Confira abaixo como é feito o cálculo da alíquota do IR de acordo com o tempo da aplicação:

Base de Cálculo         Alíquota

Até 2 anos                  35%

De 2 a 4 anos             30%

De 4 a 6 anos             25%

De 6 a 8 anos              20%

De 8 a 10 anos           15%

Acima de 10 anos      10%

A tabela progressiva funciona de maneira diferente. Ao realizar o resgate, será cobrado Imposto de Renda antecipado na fonte de 15%. Posteriormente, é feito um ajuste na declaração de IR do ano seguinte, com alíquota máxima de 27,5% sobre a renda obtida na previdência.

Base de cálculo mensal                                 Alíquota          Parcela a deduzir do IRPF

Até R$ 1.903,98                                             isento             isento

De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65                  7,5%               R$ 142,80

De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05                  15,0%             R$ 354,80

De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68                  22,5%             R$ 636,13

Acima de R$ 4.664,68                                   27,5%             R$ 869,36

Taxas

Os planos de previdência privada cobram as taxas de administração e de carregamento.

A taxa de administração é destinada ao gestor pelo trabalho de controlar os recursos aplicados. Ela é cobrada anualmente sobre o montante total aplicado ao longo da vigência do investimento, mas o cálculo é realizado por dia.

Não existe um padrão de cobrança em relação à taxa, que é variável de acordo com o plano contratado. É possível encontrar seguradoras de previdência privada que cobram 1% ao ano até as que recolhem 6% a.a.

A segunda taxa é a de carregamento, cobrada pelas empresas para arcar com os custos de administrar o investimento. Assim como no caso da taxa de administração, também não existe um padrão, e a tarifa pode chegar a 5%.

No caso da conta poupança, não há taxas. Os bancos são proibidos de cobrar qualquer taxa ou tarifa dos clientes.

→ Rendimento

Como já mencionamos, a poupança apresenta dois índices econômicos que devem ser levados em consideração: a Taxa Selic e a Taxa Referencial. Dessa maneira, o cálculo para saber o rendimento da poupança está diretamente ligado a esses valores. Veja como funciona:

→ Caso a meta da Taxa Selic anual seja superior a 8,5%, a remuneração adicional será de 0,5% ao mês.

→ Se a Selic for igual ou inferior a 8,5%, a remuneração adicional obtida será equivalente a 70% da Selic – rendimento que não ultrapassa a marca de 0,50% ao mês. Esse modelo se encaixa nos dados que citamos no início do texto e que remetem ao cálculo de rentabilidade da poupança.

Já no caso da previdência privada não existe um padrão para estabelecer os rendimentos. Essa rentabilidade vai variar de acordo com o plano e a instituição financeira contratada.  Para saber se o investimento é realmente atrativo, é preciso entender as tabelas regressiva e progressiva, avaliar as taxas e o modelo de Imposto de Renda aplicado ao plano.

Quatro critérios para escolher previdência privada ou poupança

Para escolher entre previdência privada e poupança, é preciso levar em consideração alguns critérios, e ficar a par das características de cada uma das possibilidades para adotar uma aplicação compatível com o que você deseja.

Reunimos quatro medidas que devem ser avaliadas para decidir entre previdência privada e poupança:

→ Analise a rentabilidade dos mais variados planos de previdência privada e compare com a rentabilidade que a poupança pode oferecer (levando em consideração os métodos de cálculo já apontados neste texto).

→ Saiba se o investimento que você quer fazer é a longo prazo. Para escolher a previdência privada, é necessário avaliar as tabelas progressiva e regressiva para saber qual está de acordo com o seu perfil. Já no caso da conta poupança, é interessante saber que a liquidez é diária.

→ Examine as taxas e tarifas e veja qual é o melhor custo-benefício entre previdência privada e poupança.

→ Se você entende de finanças e quer administrar o seu dinheiro, a melhor escolha é a poupança. Já no caso da previdência privada, a aplicação é gerenciada pela seguradora do plano.

Vantagens de ter previdência privada e poupança

Como vimos, as semelhanças entre previdência privada e poupança não são muitas. No entanto, nada impede que os dois tipos de investimento possam se complementar e trazer bons resultados para quem deseja ter uma aposentadoria mais sossegada.

A previdência privada pode (e deve!) ser pensada como um investimento a longo prazo. Não à toa é considerada uma renda complementar à previdência social. Outro ponto que conta a favor dessa modalidade é que, apesar de ter uma incidência maior de taxas, seu rendimento costuma ser maior que o da poupança.

Entretanto, a conta poupança é garantida pelo Fundo Garantidor de Créditos e tem a vantagem de possibilitar a retirada do dinheiros sem pagar taxas e imposto.

Ambas trazem benefícios para o investidor e podem ser maneiras de adicionar uma renda extra à aposentadoria social. Optar entre previdência privada e poupança ou pelas duas oportunidades vai depender do perfil de quem faz o investimento.

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