Previdência privada ou fundos de ações: qual opção escolher?

Por Redação Onze

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O mercado disponibiliza algumas alternativas, e é normal que os investidores tenham dúvidas no momento de escolher qual é a melhor renda complementar à previdência social. Entre as possibilidades de investimento estão a previdência privada e os fundos de ações.

Pensando nisso, reunimos as principais características das duas modalidades para que você possa optar entre previdência privada e fundos de ações.

O que é previdência privada?

A previdência privada é uma alternativa de renda complementar à previdência pública. Todas as modalidades oferecidas neste modelo são fiscalizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal.

Diferentemente do que ocorre na previdência social, esse tipo de renda complementar permite que o investidor escolha o valor da contribuição e a periodicidade com que será feita. Além disso, o valor investido pode ser resgatado caso a pessoa desista do plano.

Existem dois planos disponíveis: o Plano Gerador de Benefícios Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).

Devido ao fato de o valor pago ser abatido no Imposto de Renda – para casos em que o valor representa até 12% da renda bruta anual –, o plano PGBL é mais indicado para pessoas com renda mais alta. Entretanto, ao sacar o dinheiro, o imposto é pago sobre o valor total do fundo. Se o montante for de R$ 100 mil, o imposto será referente a esse valor.

A segunda alternativa de plano é o VGBL, que não pode ser abatido no Imposto de Renda. No entanto, quando o dinheiro é sacado, a incidência de imposto é referente ao rendimento do investimento. Por exemplo, se o valor total é de R$ 300 mil, mas o rendimento ao longo do plano foi de R$ 70 mil, o imposto será cobrado de acordo com o último valor.

Independentemente do tipo de plano escolhido, é necessário prestar atenção à forma de cobrança de impostos. A tabela regressiva e a tabela progressiva são as duas configurações de tributação encontradas nas propostas de previdência privada.

A tabela progressiva é mais vantajosa para os investidores que querem receber o valor de maneira parcelada. Já a tabela regressiva acaba sendo recomendada para quem deseja efetuar o resgate de uma só vez.

O que são fundos de ações?

Os fundos de ações são uma carteira de ativos de renda variável. Para pessoas que pensam em investir em ações, essa é uma das formas mais simples e seguras de entrar nesse tipo de mercado.

O processo funciona da seguinte maneira: o dinheiro é aplicado em um fundo com gestores e especialistas, que vão destinar o capital de acordo com as oportunidades de mercado e os interesses do próprio fundo. Isso significa que o investimento é feito nas cotas desse fundo, e não diretamente em ações.

Diante desse cenário, pode-se definir o fundo de ações como um “investimento indireto”,já que são os gestores do fundo que determinam quais ações fazem parte da carteira, e não o investidor.

Existem diferentes fundos de ações que atendem a inúmeros perfis de risco e tipos de investidor. Para determinar qual é o melhor tipo de aplicação para o seu perfil, é necessário procurar uma corretora ou bancos de investimento para entender como funcionam alguns detalhes, como taxas de administração, taxas de performance, regras de aplicação e resgate, entre outras particularidades.

Principais diferenças entre previdência privada e fundos de ações

Para optar entre previdência privada e fundos de ações, é preciso entender quais são as diferenças entre os dois, e como as características de cada uma das modalidades podem se encaixar no perfil.

Seja para usar as duas possibilidades como renda complementar à previdência social, ou para definir somente uma delas como forma de aplicação, é essencial que o investidor esteja a par de características como taxas, tarifas e rendimento.

→ Tributação

A tributação nos fundos de ações têm uma alíquota única de 15% sobre os rendimentos, independentemente do tempo de permanência de cada aplicação do investidor no fundo. O Imposto de Renda será cobrado somente quando o investidor realizar o resgate.

Já os planos de previdência privada funcionam de maneira distinta. Neste caso, o investidor vai optar entre as tabelas regressiva e progressiva.

Para obter bons resultados no modelo de tributação da tabela regressiva, é preciso pensar em uma aplicação a longo prazo, como mostra o quadro abaixo:

Base de Cálculo         Alíquota

Até 2 anos                  35%

De 2 a 4 anos             30%

De 4 a 6 anos             25%

De 6 a 8 anos             20%

De 8 a 10 anos           15%

Acima de 10 anos      10%

Como se pode perceber, os investimentos com menos de dois anos sofrem mais com a alíquota do Imposto de Renda, que é de 35%. Já quando o valor permanece aplicado por pelos menos 10 anos, a cobrança cai para 10%.

No caso da tabela progressiva, é cobrado Imposto de Renda antecipado na fonte de 15% no momento do resgate. No ano seguinte, é feito um ajuste na declaração de IR, que pode chegar a uma alíquota máxima de 27,5% sobre a renda da previdência.

Base de cálculo mensal                                 Alíquota          Parcela a deduzir do IRPF

Até R$ 1.903,98                                             isento             isento

De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65                  7,5%               R$ 142,80

De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05                  15,0%             R$ 354,80

De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68                  22,5%             R$ 636,13

Acima de R$ 4.664,68                                   27,5%             R$ 869,36

→ Taxas

Os fundos de ações contam com o recolhimento da taxa de administração, e em alguns casos da taxa de carregamento. É necessário ter cuidado e analisar os custos antes de fazer o investimento, pois eles podem impactar sobre a rentabilidade líquida da aplicação.

A taxa de administração é cobrada sobre o patrimônio mantido pelo investidor. Apesar de ser divulgada como um percentual anual, a cobrança ocorre diariamente, e não somente uma vez ao ano.

A taxa de performance pode ou não ser cobrada. Baseada no resultado, a tarifa será recolhida pelo administrador se o rendimento da aplicação superar o referencial combinado anteriormente – no caso dos fundos de ações, esse referencial costuma ser o Ibovespa, principal índice acionário do Brasil.

Já nos planos de previdência privada, ocorre a arrecadação das taxas de administração e de carregamento. A tarifa de administração da previdência privada tem o mesmo intuito da cobrança realizada nos fundos de ações, e pode variar entre 1% e 6% ao ano, dependendo do plano contratado.

A taxa de carregamento é arrecadada pelas seguradoras para arcar com os custos de administrar o investimento. Também não existe um percentual padrão, podendo chegar a 5%.

→ Liquidez

Nesse quesito quem leva a melhor são os fundos de ações. A liquidez vai depender do regulamento, mas a maioria dos fundos de ações costuma variar entre 0 e 30 dias.

Para compreender melhor os prazos, é necessário conhecer os Ds +. Eles são os responsáveis por determinar o tempo que você vai demorar para receber o valor. Geralmente, essas são as três possibilidades mais comuns de liquidez em fundos de ações:

  1. D+0: recebe o dinheiro no mesmo dia (liquidez diária)
  2. D+1: recebe o dinheiro no dia útil seguinte
  3. D+30: recebe o dinheiro após 30 dias úteis

Quando falamos em previdência privada, o cenário muda bastante: por ser um investimento a longo prazo, as taxas para realizar um resgate antecipado costumam ser altas, principalmente no caso da tabela regressiva.

Dois critérios para escolher previdência privada ou fundos de ações

Os dois principais critérios para realizar a escolha entre previdência privada e fundos de ações são o prazo e o objetivo do investimento.

Como vimos, a liquidez dos fundos de ações é melhor que as dos planos de previdência privada. Isso nos levar a perceber que, se você pensa em um investimento a longo prazo, a opção mais indicada é a previdência privada. Já para aplicações a curto e médio prazo, os fundos de ações são mais recomendados.

Também existe a opção de fazer investimentos a longo prazo em fundos de ações, porém é provável que as vantagens tributárias não sejam tão satisfatórias quanto as dos planos de previdência privada.

Independentemente da escolha, antes de optar entre previdência privada e fundo de ações, é necessário analisar todas as possibilidades e avaliar as características de cada uma das oportunidades.

Vantagens de ter previdência privada e fundos de ações

Não é obrigatório escolher entre previdência privada e fundos de ações. Existe a possibilidade de investir nas duas modalidades ao mesmo tempo. A previdência privada é uma opção indicada para quem deseja realizar um investimento seguro e a longo prazo.

Já os fundos de ações têm como principal vantagem a liquidez, que, em alguns casos, pode chegar a ser diária. Ou seja, investir nos dois é uma forma de contemplar necessidades que podem surgir a curto ou médio prazo, além de ser uma boa alternativa para complementar a renda da previdência social.